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sábado, 12 de fevereiro de 2011

Da série casos verídicos 4

Ah essa tal de globalização !!!

Hoje a história dos casos verídicos tem a ver com coisas que pra mim são praticamente sinônimos, os italianos e suas bicicletas.
Quem me conhece sabe que eu estudei na Escola das Nações em Brasília. Nesta escola os pais deixam as crianças às 08:00 da manhã e só voltam para buscá-las às 4 ou 5 da tarde. De manhã as aulas são em português e à tarde em inglês. Muitos dos alunos dessa instituição de ensino são de diversas nacionalidades, a maioria filhos de diplomata.
Um dos meus melhores amigos à época chama-se Vicenzo Causa e o pai dele trabalhava na Embaixada da Itália. Por tabela e em virtude das constantes visitas acabei conhecendo a família inteira do Enzo. A irmã Donatella, o pai Georgio e também a mãe dele. Todos eram bem legais e queridos comigo e eu adorava os jantares na casa deles. Sabem como é italiano né...aquela fartura e aquela troca constante de pratos, eles não misturam comida nos pratos assim a entrada, prato principal, etc eram servidos em pratos diferentes para não misturar o gosto das comidas. Enfim...bons tempos foram aqueles.
Eu e alguns colegas, incluindo o Enzo, começamos a fazer triathlon. Me lembro como se fosse hoje as histórias que o meu amigo me contava sobre o grande ciclista italiano Gianni Bugno, que estava a ganhar todas as provas da época, e de como as bicicletas italianas eram muito boas. O pessoal do País da bota tem vários orgulhos nacionais e um deles são as Colnagos e Pinarelos da vida.
Eu me lembro do Georgio que olhava pra minha Caloi 12 toda ferrada e falava pra mim que ela era uma porcaria e que tinha que comprar uma bike boa, de preferência uma italiana.
Bom...chega a hora do tio Georgio comprar uma bike pro Enzo e não é que ele me aparece com uma Specialized !!! A marca que é o supra-sumo da expressão de alta tecnologia ciclística desenvolvida nos Estados Unidos.
Falei pra ele tio você ficou doido da cabeça ?!!! Como você vem com esse papo de que bicicleta italiana é a melhor do mundo e me compra uma bike made in USA.
Ele me deu uma resposta evasiva do tipo que ia demorar muito para chegar uma bicicleta da Itália.
Nessa época eu só tinha uns 12 ou 13 anos de idade e não entendia direito que a tal da globalização já estava chegando.
O Enzo e sua família foram embora em 1993 para a Itália (a Donatella ficou mais um tempinho, mas acabou voltando à Roma também) e nunca mais tinhamos tido notícias até que nos encontramos no ano passado no Facebook. Nem deu para gozar a cara deles quando o Brasil ganhou a Copa do Mundo da Itália em 1994, mas fica aqui o registro caso eles leiam ahahahahaha :)
Bom...o outro italiano que faz parte dessa história se chama Giacomo Giovaneli. Ele mora em Florença e é policial militar da tropa de elite italiana. É como se fosse o nosso capitão nascimento.
Ele vem sempre passar as férias e fazer o Ironman aqui em Floripa. Eu não o conhecia até que nas primeiras semanas de janeiro desse ano chega um cara com uma super bike que logo me chamou a atenção. Começamos a conversar e ele me contou toda essa história que eu acabei de contar pra vocês, sou italiano, gosto do Brasil, etc e tal.
Quando saímos para pedalar eu realmente parei para reparar na bicileta dele. Acho que nessa hora o Campionissimo italiano Fausto Coppi deu vários pulos dentro do caixão dele. O Giacomo estava usando uma bicicleta com as seguintes configurações: 1) quadro da marca Time francês, 2) rodas ZIPP 404 (o estado da arte da tecnologia de fibra de carbono totalmente desenvolvida nos Estados Unidos e 3) com um grupo zerado Shimano Dura Ace, que pra mim ainda é o melhor do mundo apesar do Campagnolo Super Record e do SRAM RED. A única coisa de italiano era o ciclista, o resto era de todas as parte do mundo menos da Itália.
Comentei com ele da história do Enzo e da dele e ele só me respondeu : "noi italiani sonno estrani".
Estranho nada meu amigo Giacomo a globalização já tinha chegado bem antes do nosso papo e vai continuar enexoravelmente. Money talks...and talks a lot !!!

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